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Veterum Sapientia: um tesouro esquecido.

adsacram


Por Ad Sacram 07/09/2020.


A Veterum Sapientia (Antiga Sabedoria), constituição apostólica, promulgada

em 22 de fevereiro de 1962, por S.S. João XXIII, foi o ato mais solene do seu

pontificado, conforme ele mesmo desejou. Documento que versa sobre o uso da língua latina; juntamente com o Sínodo Romano de 1960, deveriam ter

sido duas bússolas norteadoras para o Concílio Vaticano II; o que não ocorreu

de fato.


Nascida do intuito de um redescobrimento da riqueza da língua latina na história, cultura e tradição católica, a Veterum Sapientia, deveria ser um retorno da Igreja sobre seus princípios, pois na mente do “papa bom”, nesse retorno que ocorreria a renovação eclesial.


“Na variedade destas línguas certamente se distingue aquela que, nascida no Lazio, depois auxiliou admiravelmente a difusão do Cristianismo nas regiões

ocidentais. E ainda, não sem disposição da Divina Providência acontece que a

língua, que por muitíssimos séculos havia unido tantos povos sob o Império

Romano, tornou-se a própria língua da Sé Apostólica.”


A Constituição apostólica, inteiramente dedicada ao estudo do latim,

confirmava a continuidade da cultura cristã com a cultura clássica do mundo

helênico e romano, porque as letras cristãs são, desde os primórdios, letras

gregas e letras latinas.


Esse documento era dividido em duas partes, na primeira narrando e

enaltecendo a história e ligação do latim e da Igreja Romana e na segunda

contendo oito pontos disciplinares para a preservação e uso do insigne idioma.


Por isso João XXIII promulga várias medidas “para que o uso antigo e

ininterrupto da língua latina seja plenamente mantido e, onde caiu no

esquecimento, seja absolutamente restabelecido”. Em seguida, liste essas

medidas em oito pontos:


Respeito escrupuloso por essas regras nas casas de formação. A proibição da

escrita contra o uso da língua latina "tanto no ensino como nos ritos sagrados da Liturgia". A obrigação de aprender latim seriamente antes de iniciar os estudos eclesiásticos. O restabelecimento dos estudos latinos nos seminários que o abandonaram. A obrigação de ensinar em latim nos seminários e universidades católicas. A criação de uma Academia de Língua Latina para garantir o progresso do Latim, em particular através da adaptação de novos termos que surgiram nas línguas vernáculas. A necessidade do ensino do grego - com o qual o latim está intimamente relacionado - nas escolas

católicas, desde as séries iniciais.




O documento é solenemente concluído: “Finalmente, em virtude da Nossa

Autoridade Apostólica queremos e ordenamos que quanto estabelecemos,

decretamos, ordenamos nesta Nossa Constituição seja definitivamente fixado

e sancionado, não obstante quaisquer prescrições em contrário, embora digna

de especial menção.


O texto foi recebido com frieza e indiferença geral, em destaque por parte dos institutos de docência, sobretudo em ambientes de língua alemã na Igreja,

João XXIII já idoso e com uma doença em estado avançado, cercado por

colaboradores não pode fazer muito; por fim em pouco tempo o texto foi

relegado ao esquecimento, nem sequer mencionado no Concílio Vaticano II,

ou nos documentos sobre os estudos eclesiásticos do mesmo. E até de forma

surpreendente, nem sequer constando no Enchiridion Symbolorum, editado

pós Concílio ou no Denzinger- Hünermann.


Passados mais de cinquenta anos da promulgação de tão precioso documento, quiçá um dos mais famosos por ser um “ilustre desconhecido”, nunca é tarde para redescobri-lo e conhecê-lo e, sobretudo de colocá-lo em prática,

sobretudo no que tange aos âmbitos do estudo teológico e litúrgico e cultural.


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